domingo, 13 de dezembro de 2020

OS 108 ANOS DO REI DO BAIÃO

 

Arte: Anunciado Saraiva


É que hoje é 13 de dezembro e a treze de dezembro nasceu nosso rei. Um dia muito especial para os fãs e seguidores do Rei do Baião. Nesta data, há 108 anos em Exu/PE, nascia o artista que mudaria para sempre a história da música brasileira.

E foi naqueles tempos difíceis em diversos aspectos, na Fazenda Caiçara, que nasceu em 1912 Luiz Gonzaga do Nascimento. Como já é bem conhecido, o nome Luiz foi proveniente de uma sugestão do vigário do local, já que era dia de Santa Luzia, comemorado naquela data; Gonzaga por conta do sobrenome de São Luiz; por fim Nascimento, que representava o nascimento de Jesus Cristo em dezembro. A partir daí começava a trajetória de um dos maiores nomes da história da cultura brasileira. Seu sucesso, segundo relatos de parentes, foi previsto por ciganas de passagem pelo povoado, que disseram à Santana “que ele seria do mundo, andaria tanto que criaria feridas nos pés”. 

O resto da história já se sabe muito bem...


Arte: Reprodução


Várias homenagens são feitas a Luiz Gonzaga país a fora neste período, principalmente em sua terra natal, onde ocorre neste fim de semana o "Viva Gonzagão 2018" conforme citado no post anterior. Homenagem essa que o próprio Gonzagão prestou a esse dia compondo "Treze de dezembro" ao lado de Zé Dantas em 1953. A música, um choro, originalmente é só instrumental. Entretanto, outro grande artista tratou de dar roupagem a esse clássico - Gilberto Gil em 1986 - e a letra, em que um trecho dela é o título deste post, foi mais uma bela reverência em vida ao genial cantador do sertão. No fim desta postagem você pode conferir essa bela música na voz de Elba Ramalho, acompanhada na sanfona pelo mestre Dominguinhos e do conjunto Época de Ouro (Dino 7 cordas, César, Toni, Ronaldo, Jorge Filho e Jorginho do Pandeiro). No fim da postagem você poderá conferir esta bela homenagem.

Vale lembrar que hoje é, por lei nº 11.176 e sancionada em 06/09/2005 pelo então presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva - pernambucano como o sanfoneiro -, o Dia Nacional do Forró justamente em alusão ao nascimento do precursor deste ritmo tão brasileiro e nordestino.


Arte: Norteandovoce.com.br


O Rei do Baião deixou seu legado cultural e influenciou diretamente a música popular brasileira reinventando ritmos, criando outros, dando uma nova cor ao cancioneiro regional. O ritmo envolvente do estilo eternizado pelo sanfoneiro, com a simples formação sanfona, zabumba e triângulo, convida todos a dançar, mesmo fora do período do carnaval. 

O Velho Lua interferiu decisivamente na trajetória musical do país ao introduzir no cenário nacional os ritmos do Nordeste – toadas, xotes, chamegos, baiões, xaxados, marchinhas, maracatus, emboladas, etc. Com sua musicalidade moldou a identidade nordestina no imaginário do Brasil, imprimindo ao acordeon das valsas e tangos, a partir da década de 1940, um novo estilo sonoro. E esta identidade nordestina acabou por influenciar – e atrair – várias gerações ao longo do tempo.

E Viva o Rei!




Treze de dezembro - Luiz Gonzaga/Zé Dantas (1953) - Letra: Gilberto Gil (1986)


"Bem que esta noite eu vi gente chegando
Eu vi sapo saltitando
E ao longe ouvi o ronco alegre do trovão

Alguma coisa forte pra valer.
Estava para acontecer na região
Quando o galo cantou 

O dia raiou eu imaginei
É que hoje é treze de dezembro 
E a treze de dezembro nasceu nosso Rei.

O nosso Rei do Baião
A maior voz do sertão
Filho do sonho de Dom Sebastião
Como fruto do matrimônio
Do cometa Januário
Com a estrela Santana
Ao nascer da era de Aquário
No cenário rico das terras de Exu
O mensageiro nu dos orixás.

É desse treze de dezembro
Que eu me lembrarei 
E sei que não me esquecerei jamais."

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