Foto: Reprodução/YouTube
Como já é de grande conhecimento popular - e várias vezes citado aqui neste blog - "Asa Branca" é uma das canções mais gravadas da história musical brasileira: cerca de 200 gravações da clássica toada de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira já foram registradas por vários artistas do Brasil e do mundo.
Na postagem anterior mostramos um encontro internacional de músicos interpretando a canção nas vozes de Caetano Veloso e Gal Costa do Brasil; de Sacha Distel, guitarrista francês; e do grego Demis Roussos. No post de hoje temos outro grande encontro, envolvendo o próprio Rei do Baião e outro genial cantor brasileiro, o igualmente saudoso Nélson Gonçalves.
Antônio Gonçalves Sobral, ou simplesmente Nélson Gonçalves, era gaúcho de Santana do Livramento, nascido em 21 de junho de 1919. Antes de enveredar no mundo artístico, Nélson tentou a vida como jornaleiro, engraxate, mecânico e até lutador de boxe para ajudar no sustento de sua família.
Gago de nascimento, por isso o apelido de "Metralha", o cantor teve bastante dificuldades no início de sua carreira artística por causa deste problema vocal. Chegou a ser reprovado em vários programas de calouros e testes em rádios de São Paulo e do Rio de Janeiro - inclusive no programa de Ary Barroso, em que Luiz Gonzaga foi aprovado após vários insucessos. Mas seu vozerão havia de conquistar alguém e isto finalmente aconteceu em 1941 quando gravou um disco de 78 rotações e foi contratado pela Rádio Mayrink Veiga.
Foto: Reprodução/YouTube
Os maiores sucessos de Nélson Gonçalves são "Maria Bethânia" (Capiba/1945), "Normalista" (Benedito Lacerda e David Nasser/1949), "Renúncia" (Roberto Martins e Mário Rossi/1942), "Meu vício é você" (Adelino Moreira/1955) e "A volta do boêmio" (Adelino Moreira/1957) - esta última canção a que mais marcou a sua carreira de 57 anos. Na história da música brasileira, o cantor gaúcho é, até hoje, o segundo colocado em discos vendidos com mais de 80 milhões - ficando atrás apenas para Roberto Carlos.
Nélson Gonçalves era dono de uma voz grave inconfundível. Porém, no final dos anos 50, entrou no mundo das drogas e, por muito pouco, não viu sua exitosa carreira ruir. Com ajuda de sua esposa Maria Luiza conseguiu se livrar do vício da cocaína e retomou sua trajetória música de imenso sucesso. Recebeu o Prêmio Nipper da RCA, assim como Gonzagão, por seu tempo de contrato na gravadora e por sua inestimável obra musical - ambos foram os únicos cantores brasileiros a receber tal condecoração.
Faleceu em 18 de abril de 1998, aos 78 anos, vítima de um infarto fulminante na residência de uma de suas filhas no Rio de Janeiro. Deixou um legado extraordinário para as futuras gerações.
Por serem os grandes nomes da história da RCA Victor no Brasil, Nélson Gonçalves e Luiz Gonzaga não poderiam deixar de se encontrar para fazer o que mais souberam em suas vidas: cantar. No vídeo abaixo, em dueto, cantam "Asa Branca", a célebre composição do sanfoneiro de Exu e de Humberto Teixeira.
Asa Branca - Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira (1947)
"Quando olhei a terra ardendo
Qual fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação?
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação?
Que braseiro, que fornalha
Nem um pé de plantação
Por falta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão.
Por falta d'água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão.
Até mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
Entonce eu disse, adeus, Rosinha
Guarda contigo meu coração
Entoce eu disse, adeus, Rosinha
Guarda contigo meu coração.
Hoje longe muitas léguas
Numa triste solidão
Espero a chuva cair de novo
Pra mim voltar pro meu sertão.
Espero a chuva cair de novo
Pra mim voltar pro meu sertão.
Quando o verde dos teus olhos
Se espalhar na plantação
Eu te asseguro não chore não, viu?
Que eu voltarei, viu, meu coração?
Eu te asseguro não chore não, viu?
Que eu voltarei, viu, meu coração?"
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=5yYyLT9X1RU
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