terça-feira, 22 de setembro de 2015

OS 70 ANOS DO MOLEQUE DE GONZAGÃO

Foto: Reprodução


Noa dia de hoje, 22 de setembro, nascia há 70 anos um dos maiores nomes da história da nossa MPB: Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior. Pelo nome dá pra perceber que o conhecido ditado que "filho de peixe, peixinho é" faz todo o sentido.

Filho do Rei do Baião com a dançarina Odaléia Guedes, Luizinho (como era chamado pelo pai), perdeu sua mãe com apenas 2 anos de vida e viu Gonzagão obrigado a deixá-lo com os amigos Dina e Xavier Pinheiro no Morro de São Carlos, pois não teria condições de conciliar os cuidados com a criança com seus shows pelo país. Não foi um pai muito presente, mas sempre ajudou financeiramente em tudo o que o "seu moleque" precisava.

Porém, a falta de Luiz Gonzaga sempre entristeceu Gonzaguinha, motivo pelo qual a relação entre ambos sempre foi muito conturbada até finalmente a paz no final dos anos 70.

Começou o gosto pela música muito jovem, muito pela influência do seu padrinho Xavier, reconhecido violonista da época que já foi assunto neste blog. Aprendeu a tocar violão e fez sua primeira composição aos 14 anos - "Lembranças de primavera", que seu pai gravou em 1964. Ouvia muito Lupicínio Rodrigues, Jamelão, as músicas de Gonzaga e da cultura portuguesa, visto que sua madrinha Dina era descendente daquele país.

Também tinha uma relação conflituosa com sua madrasta Helena, esposa de Luiz Gonzaga. Tal fato só piorava sua convivência paterna. Estudou economia, formou-se e recebeu anel "de doutor", como era desejo de seu pai. Contudo, jamais exerceu o ofício, enveredando na música com muito sucesso para a nossa sorte.


Foto: Reprodução/Esquina da Música


As desavenças com Gonzagão iam além da falta de convivência, mas também pelas ideologias políticas. O sanfoneiro tinha uma linha mais conservadora, neutra. Apoiava quem estivesse no poder como disciplinado militar que fora. Já o filho era mais rebelde, apoiava causas sociais e era um militante da democracia.

Conviveu e fez amizade com diversos artistas e personalidades como Ivan Lins, Aldir Blanc e César Costa Filho. Compôs diversas obras primas nos anos 70, entretanto, várias delas foram censuradas pelo regime militar da época. Em 1975 dispensou o empresário e passou a tratar de suas apresentações de forma independente. Tal independência o fez criar o selo "Moleque" 11 anos mais tarde para suas gravações.

Gonzaguinha teve três casamentos que lhe deram quatro filhos - Daniel Gonzaga (músico), Fernanda, Amora Pêra e Mariana (título de música gravada por ele e pelo avô Luiz Gonzaga).

O reencontro com o pai se deu na gravação do disco "Eu e meu pai", de 1979, principalmente na célebre "A vida de viajante". E sem dúvida foi na turnê de mesmo nome que ambos solidificaram de vez os laços familiares em 1981.

Já consagrado como gênio da música brasileira, Gonzaguinha seguia sua rotina de gravações e shows até que em 29 de abril de 1991, pouco mais de um ano após o falecimento de seu pai, um acidente trágico na estrada que liga as cidades paranaenses de Renascença e Marmeleiro calou a voz do moleque do Rei do Baião. O cantor viajava em seu Monza junto com seu amigos Renato Duarte e Aristide Pereira na volta de um show na cidade de Pato Branco/PR. Apenas o primeiro sobreviveu.

Luiz Gonzaga Júnior deixava pra posteridade composições magníficas como "Sangrando" (a minha preferida), "É", "Explode coração", "O que é, o que é", entre tantas outras. Fica aqui nesta data especial a singela homenagem para este que foi - e ainda é - um dos maiores expoentes musicais da história do nosso país. Nos vídeos abaixo a música "Sangrando", de sua autoria, e, como não poderia faltar, a clássica "Vida de viajante", de Luiz Gonzaga e Hervê Cordovil. Este último na participação de ambos no Festival da Canção de 1984.





Sangrando - Gonzaguinha (1980)

"Quando eu soltar a minha voz, por favor entenda
Que palavras por palavras, eis aqui uma pessoa se entregando
Coração na boca, peito aberto, vou sangrando
São as lutas dessa nossa vida que eu estou cantando.

Quando eu abrir a minha garganta, essa força tanta
Tudo que você ouvir, esteja certa que eu estarei vivendo
Veja o brilho dos meus olhos e o tremor das minhas mãos
E o meu corpo tão suado, transbordando toda raça e emoção.

E se eu chorar e o sal molhar o meu sorriso
Não se espante, cante que o teu canto é minha força pra cantar
Quando eu soltar a minha voz por favor entenda
É apenas o meu jeito de dizer o que é amar!"






A vida do viajante - Luiz Gonzaga e Hervê Cordovil (1953)

"Minha vida é andar por esse país
Pra ver se um dia descanso feliz
Guardando as recordações
Das terras por onde passei
Andando pelos sertões
E dos amigos que lá deixei.

Chuva e sol, poeira e carvão
Longe de casa sigo o roteiro
Mais uma estação
E alegria no coração.

Minha vida é andar por esse país
Pra ver se um dia descanso feliz
Guardando as recordações
Das terras por onde passei
Andando pelos sertões
E dos amigos que lá deixei.

Mar e terra, inverno e verão
Mostra o sorriso, mostra a alegria
Mas eu mesmo não
E a saudade no coração."


Link do vídeo: https://youtu.be/g3ONbwVoVvo

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