domingo, 2 de agosto de 2020

CARTINHA PARA SEU LUIZ


Ilustração: Arievaldo Viana


Há exatos 31 anos, em 02 de agosto de 1989, o Brasil e o mundo viam se calar uma das grandes vozes da música. Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, entrou para a história da cultura popular brasileira com sua sanfona e sua cantoria que encantou gerações por cinco décadas - e ainda encanta até os dias atuais.

Gonzagão deixou seu legado cultural e influenciou diretamente a música popular brasileira reinventando ritmos, criando outros, dando uma nova cor ao cancioneiro regional. O ritmo envolvente do estilo eternizado pelo sanfoneiro, com a simples formação sanfona, zabumba e triângulo, convida todos a dançar, mesmo fora do período do carnaval. Representante maior da música popular nordestina, o "Velho Lua" interferiu decisivamente na trajetória musical do país ao introduzir no cenário nacional os ritmos do Nordeste – toadas, xotes, chamegos, baiões, xaxados, marchinhas, maracatus, emboladas, etc. 

Com sua musicalidade moldou a identidade nordestina no imaginário do Brasil, imprimindo ao acordeon das valsas e tangos, a partir da década de 1940, um novo estilo sonoro. E esta identidade nordestina acabou por influenciar – e atrair – várias gerações ao longo do tempo.

Inúmeras homenagens desde sua passagem foram feitas ao mestre maior da música nordestina. Seja com composições, documentários, reportagens, filme e até enredo vencedor de escola de samba do Rio de Janeiro. Todas de suma importância para a continuidade do legado do "Velho Lua".

Vários de seus contemporâneos do meio musical tiveram na arte deixada por Luiz Gonzaga um alicerce para suas carreiras, que serviu para continuar o trabalho do sanfoneiro e formar uma nova legião de admiradores e novos músicos que nunca tiveram contato pessoal com o Rei do Baião, mas que passaram a admirar e a pôr em prática sua rica obra. 

E como na letra da música de Flávio José abaixo, que fala da saudade que o Rei do Baião nos deixou, todos os seus fiéis seguidores escreveram e escrevem uma cartinha para Luiz, nem que seja em pensamento, expressando o dever de seguirem em frente com sua obra de valor incalculável.




Cartinha pra seu Luiz - Flávio José (1997) - part. Fagner


"Velho, que saudade de você
Seu pé de serra está tão triste
Pois você não voltou mais
Chora a asa branca
Choram as juritis
Ai, quanta saudade, seu Luiz

Chora a asa branca
Choram as juritis
Ai, quanta saudade, seu Luiz

Velho, se eu tivesse um mensageiro
Eu escrevia uma cartinha 
Pra você dizendo assim
Como forrozeiro
Ainda canto o seu baião
Alegrando a nossa noite de São João

Bravo Luiz
Deus que te guarde feliz
Todo nordestino canta e diz..."

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