quarta-feira, 1 de junho de 2016

CHEGOU O MÊS MAIS NORDESTINO DO BRASIL

Foto: André Hilton/TV Asa Branca


Chegou junho! E com ele o período mais nordestino do ano, tempo de festas juninas. Tradicional época de muita música, brincadeiras tradicionais e comidas típicas tão relevadas na obra do Rei do Baião. Não à toa era filho de um puxador de fole que fazia muito sucesso no pé da serra do Araripe, principalmente nesse mês.

Nos festejos juninos comemoramos os dias de três santos da Igreja Católica: Santo Antônio (dia 13), São João (24) e São Pedro (29). Entretanto, tradicionalmente as festas se dão nas vésperas - 12, 23 e 28. É tempo de milho, canjica, pamonha, munguzá, pé-de-moleque, arroz doce, bolos diversos, quentão, entre outras iguarias da culinária do Nordeste. Sem esquecer das fogueiras, bandeirolas, brincadeiras, quadrilhas e fogos de artifícios.


Foto: Reprodução/Blog Hotel Hurbano


A história dos festejos juninos remontam ao período Pré-gregoriano como uma festa pagã em comemoração à fertilidade e à boa colheita nas lavouras nos solstícios de verão. Por ser um período mais frio a fogueira acabou sendo introduzida para aquecer o povo da temperatura baixa. Sempre acontecendo em meados do dia 24 de junho, o dia de São João para nós brasileiros.

Mas antes de reverenciarem Santo Antônio, São João e São Pedro as festas eram chamadas de Joaninas em homenagem à João Baptista, o homem que batizou Jesus Cristo nas águas do Rio Jordão segundo a Bíblia. Porém, como o tempo transformou-se numa comemoração do catolicismo para os três santos já citados.

No Brasil foram trazidas pelos nossos colonizadores portugueses e rapidamente se tornaram populares de norte a sul do país. Contudo, foi no Nordeste que o mês junino enraizou-se na cultura local. 


Foto: CODEC/PB


Luiz Gonzaga nasceu e cresceu num berço que contemplava ativamente os dias de junho, pois Januário, seu pai, como bom tocador de fole da região de Exu animava os terreiros do sertão durante todo o mês. 

Na sua obra está bastante presente a reverência ao mês mais nordestino do país, com clássicos como "São João na roça", "Olha pro céu", "Noites brasileiras", "Fogo sem fuzil", "São João sem futrica", entre outros. Podemos facilmente afirmar que as festas juninas hoje têm como padrinho Luiz Gonzaga, o maior responsável pela sua popularização e por sempre levar o nome do seu Nordeste a todos os lugares do Brasil.

Infelizmente com o passar dos anos a tradição dos festejos de junho vem sendo deixada de lado. Os forrós de verdade vêm perdendo espaço para um ritmo musical que nada tem a ver com obra do Rei do Baião, fora os artistas que se apresentam no período nas cidades que também não têm nada a ver com o legítimo forró. 

De um lado ainda persistem os seguidores fiéis da obra do Rei que militam na sua música eternizada, vestidos com as roupas típicas do Nordeste, seguindo o ritmo do conjunto triângulo, sanfona e zabumba que Gonzaga inovou. Essa sim a verdadeira tradição das festas juninas. Do outro, os que insistem em deturpar a musicalidade do Velho Lua, empregando à sonoridade tão característica do baião e do forró instrumentos que em pouco ou nada se relacionam com o estilo empregado pelo seu precursor, como trompetes, guitarras, baterias eletrônicas e sintetizadores. Além disso, as letras estão ficando cada vez mais obscenas em cada estrofe. O duplo sentido sempre fez parte da cultura musical brasileira, mas a diferença está no grau de vulgaridade imposto nas músicas.

Em todo caso, respeitando-se os gostos, fica o legado imensurável deixado por Luiz Gonzaga não só para a música brasileira, mas para o folclore de nosso país! No vídeo abaixo a clássica "Olha pro céu", composta por Gonzaga e José Fernandes, que é a cara das festas juninas. E viva Santo Antônio, São João e São Pedro!




Olha pro céu - Luiz Gonzaga/José Fernandes (1951)


"Olha pro céu, meu amor
Vê como ele está lindo
Olha pr'aquele balão multicor
Como no céu vai sumindo.

Foi numa noite, igual a esta
Que tu me deste o teu coração
O céu estava, assim em festa
Pois era noite de São João.

Havia balões no ar
Xote e baião no salão
E no terreiro o teu olhar
Que incendiou meu coração."



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