segunda-feira, 2 de maio de 2016

OS RITMOS DO REI

Imagem: ZecaBlog


Já foi citado aqui no blog que Luiz Gonzaga foi um dos poucos artistas musicais na história do Brasil que fez sua obra presente em diversos ritmos, mesmo havendo boas diferenças entre alguns deles. Dá pra imaginar um sanfoneiro tocando baião, mas depois partindo pra valsa? Ou então começando um forró e terminando num frevo? Quem sabe um xaxado e depois se apresentando com o maracatu? Pois é, foram vários os sons que o Rei do Baião igualmente de forma brilhante conduziu com sua sanfona.

E um deles foi o chorinho, ou choro, ritmo originariamente instrumental que resiste desde o século XIX e que ao longo do tempo tornou-se num dos principais movimentos musicais brasileiros. Tem esse nome devido ao seu jeito "choroso" de ser tocado. 

Segundo os pesquisadores, começou a ser tocado nos bairros boêmios do Rio de Janeiro por volta dos anos 1870. Seus grandes nomes são o flautista Joaquim Calado (considerado o precursor do gênero), Chiquinha Gonzaga (a autora da marchinha "Ô abre alas"), o pianista Ernesto Nazareth, Anacleto Medeiros, Pixinguinha, Jacob do Bandolim, entre outros. Atualmente temos como ícone Paulinho da Viola.

Os músicos que enveredam por este ritmo foram batizados de chorões, enquanto os grupos levaram o nome de regionais. Tem como principais instrumentos utilizados o cavaquinho, o bandolim, a flauta, o pandeiro, o violão de sete cordas, o trombone e o saxofone. O chorinho requer bastante técnica e prática, o que demanda grande dedicação a quem pretende explorá-lo.


Foto: Reprodução


Mas prática e talento não faltavam a Luiz Gonzaga, que como já dito experimentou diversos ritmos em sua vasta obra. O chorinho fez parte principalmente do começo de sua carreira, entre 1941 e 1945, quando apenas tocava e ainda não cantava. O Rei do Baião introduziu a sanfona entre os chorões.

Podemos destacar várias canções no estilo gravadas por Gonzagão, tais como "Aquele Chorinho" (1942), "Galo Garnizé" (1943), "Pingo namorando" (1944), "O Xamego da Guiomar" (1958) e etc. Esta última foi composta por Gonzaga junto com seu primeiro grande parceiro Miguel Lima originalmente em 1944 de forma instrumental. Contudo, foi regravada 14 anos mais tarde com letra.

No vídeo a seguir destaco um chorinho sanfonado muito bonito na minha opinião tocado com maestria por Luiz Gonzaga, intitulado "Bilu, bilu" e de autoria do próprio Lua.




Bilu, bilu - Luiz Gonzaga (1944)


Instrumental



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